O serviço pode consultar-se através da página de Internet dessa autarquia do distrito de Aveiro e resulta de um investimento na ordem dos 9.000 euros, tendo por base a recolha promovida pela Associação para a Defesa do Património Arouquense, que, desde a sua fundação em 1980, foi reunindo e conservando as várias coleções de jornais editados no território.
Para a presidente da Câmara Municipal de Arouca, Margarida Belém, o novo arquivo marca, portanto, “o início de um processo muito significativo para promoção do conhecimento da história social, económica, demográfica, política, etc., do concelho”, tal como essa ficou registada em oito jornais do século XX, cujas páginas constituem um “importantíssimo património documental”.
No seu suporte físico, em diferentes tipos de papel, muitos desses documentos encontravam-se já “em mau estado de conservação”, pelo que a digitalização do seu conteúdo vem garantir uma preservação que estava sob ameaça crescente face à procura de títulos “muito solicitados para consultas e pesquisas”.
Entre os jornais cujas 3.850 edições se podem agora conhecer através da Internet inclui-se “A Gazeta de Arouca”, nas três diferentes linhas editorais que adotou entre 1905 e 1937, e o “Defesa de Arouca”, também com duas coleções distintas entre 1926 e 1974, dada a suspensão dessa publicação no período de 1952 a 1955.
Os outros jornais digitalizados para partilha com a comunidade são “A Gazeta”, o “Notícias de Arouca” e “O Povo de Aveiro”.
Margarida Belém realçou que a leitura dessas páginas proporciona uma descoberta “muito interessante” sobre o desenvolvimento de Arouca, a transformação social do país ao longo do século XX e a evolução do próprio jornalismo e respetivas artes gráficas, permitindo ao público a descoberta de curiosidades como “um artigo de 1957 sobre como tratar um doente com gripe — o que se revela bastante atual na presente situação epidemiológica”.
Esse artigo pedagógico foi inicialmente publicado no número 130 do “Defesa de Arouca”, título que nasceu em 1926 e que, apesar da já referida interrupção de três anos na década de 50, se manteve ativo até 2008.
As edições posteriores a 1974 não estão disponíveis no novo arquivo porque, nesta primeira fase, o projeto de digitalização se concentrou nos exemplares impressos entre os últimos anos da Monarquia portuguesa e os derradeiros dias do Estado Novo.
Os jornais datados de 1975 em diante deverão ser digitalizados numa segunda fase do processo, sendo que, entretanto, continuam disponíveis em suporte físico nas instalações da Associação para a Defesa do Património Arouquense.
Lusa