Águeda, Aveiro, 17 de Abril de 2025

Aveiro: CESAM coordena livro vermelho dos mamíferos de Portugal Continental

25 de Setembro 2020

Duas investigadoras do Centro de Estudos do Ambiente e do Mar (CESAM), laboratório associado com sede na Universidade de Aveiro (UA), coordenam a atualização do Livro Vermelho dos Mamíferos de Portugal Continental, publicação que atualiza periodicamente o estatuto de ameaça das espécies de mamíferos observadas em Portugal continental. No trabalho participam mais
seis cientistas do CESAM, entre dezenas de outros investigadores e voluntários.

A última avaliação sobre os estatutos de ameaça dos mamíferos de Portugal Continental data de 2005, ano em que foi publicado o Livro Vermelho dos Vertebrados de Portugal. Das 74 espécies de mamíferos do continente avaliadas, 24% foram consideradas ameaçadas. Algumas das espécies mais ameaçadas em território português, de acordo com aquela edição, são a cabra-montês (Capra pyrenaica), o lince-ibérico (Lynx pardinus), o morcego-de-ferradura-mediterrânico (Rhinolophus euryale), classificados como Criticamente em Perigo de extinção. Como espécies Em Perigo foram nessa altura identificados o lobo-ibérico (Canis lupus), o morcego de Bechstein (Myotis bechsteinii) e a baleia-comum (Balaenoptera physalus).

O novo Livro Vermelho dos Mamíferos de Portugal Continental tem como principal objetivo avaliar o risco de extinção destas e de outras espécies analisadas em 2005, mas também de outros mamíferos que são novas ocorrências em Portugal continental, recorrendo aos critérios da União Internacional para a Conservação da Natureza (UICN). O projeto vai também contribuir para a avaliação do estado de conservação das espécies abrangidas pela Diretiva Habitats realizada a cada seis anos.

Desde a anterior edição, foi confirmada a ocorrência em Portugal continental de 16 novas espécies, esclarecem as coordenadoras deste projeto, Maria da Luz Mathias e Clara Grilo, investigadoras do CESAM, sendo a primeira também professora da Faculdade de Ciências da Universidade de Lisboa. Para além disso, as investigadoras suspeitam que, em algumas espécies, o risco de ameaça ou mesmo de extinção pode ter-se acentuado. No entanto, consideram que não existem dados suficientes que permitem confirmar se o acréscimo no número de espécies observadas se deve às
alterações climáticas: “A nossa perceção é de que a deteção de novas espécies se deve a um maior esforço de amostragem desde 2005 devido ao crescimento do investimento na ciência”.

A área de intervenção deste projeto abrange todo o território de Portugal Continental, em especial a Rede Nacional de Áreas Protegidas e as Zonas Especiais de Conservação da Rede Natura 2000. Será criada uma base de dados para reunir a informação disponível sobre os mamíferos de Portugal Continental, que irá incluir, por exemplo, aspetos da ecologia, distribuição e abundância destas espécies.

“O cumprimento deste objetivo irá permitir melhorar o conhecimento sobre o estado de conservação e estatutos de ameaça das espécies de mamíferos terrestres e marinhos presentes em território continental”, considera Maria da Luz Mathias, coordenadora geral dos trabalhos conducentes à nova edição do Livro Vermelho dos Mamíferos de Portugal Continental.

O contrato com a UA inclui uma equipa de seis membros do CESAM, coordenada pelos investigadores Carlos Fonseca (também professor do Departamento de Biologia da UA) e Nuno Negrões, que estão a compilar informação sobre os carnívoros e ungulados de Portugal continental.

Se tudo correr como previsto, a equipa prevê que a nova edição esteja disponível em dezembro de 2021.


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