“De modo algum concordamos com esta decisão, tomada num tão curto espaço de tempo, sem que tivessem sido averiguadas as causas ou fontes de contaminação”, declara o presidente da APARA numa exposição dirigida ao IPMA, em que quer que sejam dados esclarecimentos aos pescadores, “para evitar a sua revolta”.
Numa exposição dirigida ao Instituto Português do Mar e da Atmosfera (IPMA) sobre a reclassificação das várias espécies de amêijoa e ainda de mexilhão na zona de produção RIAV1 (que abrange desde a entrada da Barra até à Ponte da Varela), o presidente da Associação, Pedro Lopes, reconhece existir “algo de estranho”, a avaliar pelas análises à água, mas exige que seja averiguada a causa.
Na exposição feita ao IPMA, a Associação manifesta a surpresa pela decisão, tanto mais que as amostras colhidas periodicamente, “a maioria das vezes têm resultados bastante satisfatórios”.
Reconhece, contudo, que por vezes se verifica a ocorrência de descargas de efluentes não tratados para a Ria, “ao que tudo indica provindos de explorações agrícolas”, que poderão contaminar a qualidade das águas, mas exige fiscalização das diversas entidades com jurisdição na Ria.
“É problemático ou mesmo catastrófico para a comunidade piscatória da Torreira e da Murtosa e para a pesca profissional que depende em grande parte da comercialização de bivalves”, comentou à Lusa Acúrcio Santos, da APARA.
Segundo Acúrcio Santos, a consequência da reclassificação de todas as espécies de ameijoa e do mexilhão significa que a comunidade piscatória que trabalha naquela zona “só vai poder comercializar diretamente para o fresco duas espécies de berbigão e a navalha”.
“Temos que ver quais são as causas, porque as consequências são gravosas e a comunidade piscatória vai deixar de trabalhar durante vários meses e ninguém está preocupado com isso”, reforça.
“Não é só atirar a responsabilidade para os outros e penalizar a pesca profissional porque é o elo mais fraco”, conclui.
Lusa