Águeda, Aveiro, 8 de Julho de 2025

Festivais de Outono 2021 vai ser no feminino

21 de Outubro 2021

A “Mulher” é o tema central dos Festivais de Outono da Universidade de Aveiro (UA), de 24 de outubro (Domingo) a 28 de novembro. As atividades serão protagonizadas por mulheres: compositoras, intérpretes e investigadoras terão um espaço privilegiado para apresentar trabalhos recentes, discutir percursos, ausências e disparidades no meio musical português. O programa prevê pluralidade de estilos, obras em estreia absoluta, atividades em Águeda, Ílhavo, e Oliveira de Azeméis, para além de Aveiro.

“Nesta edição dos Festivais, poderemos ouvir algumas das mais destacadas intérpretes, obras de compositoras proeminentes e, simultaneamente, conhecer as novas e futuras personalidades do panorama musical, muitas delas em formação na Universidade de Aveiro”, afirma Pedro Rodrigues, professor da UA e diretor artístico destes Festivais. “Deste contacto, pretendemos uma movimentação multilateral de aprendizagem, resiliência e inspiração para todas as pessoas envolvidas, de público a intérpretes”, propõe.

Os Festivais de Outono (FO) contemplarão a música sinfónica, concertante, música contemporânea, recitais de música de câmara e a solo, a dança, o fado e, finalmente, a ópera.

O programa inclui obras sinfónicas em estreia absoluta, como será o caso da obra “Nodus”, da guitarrista e compositora Elodie Bouny, no Concerto de Abertura (24 de outubro, às 18h, auditório Renato Araújo, Reitoria), interpretado pela própria, o que é ainda mais invulgar. Haverá, também, estreias de obras encomendadas pelos Festivais de Outono. Salienta-se, nesta vertente, a obra “Being your own reflection”, de Sara Carvalho, professora do Departamento de Comunicação e Arte (DeCA) da UA. Esta obra será apresentada no concerto “Piano a quatro mãos”, a 7 de novembro, às 18h, no auditório do CCCI – Complexo das Ciências de Comunicação e Imagem da
UA.

Outros espetáculos incomuns constam do programa, como “Inclinar”, um dueto de improvisação livre entre música e dança, marcado para 9 de novembro, às 21h, na Biblioteca Municipal Ferreira de Castro – Oliveira de Azeméis. Ou ainda a ópera de marionetas El Retablo de Maese Pedro” de Manuel de Falla, a 5 de novembro, às 21h, no auditório Renato Araújo, Reitoria da UA.

O tema “Mulher”, neste caso, a mulher na música, não surge por acaso numa iniciativa da UA. No DeCA/UA, o projeto de investigação “Euterpe revelada – Mulheres na composição e interpretação musical em Portugal nos séculos XX e XXI” (euterpe.web.ua.pt), concluído em 2018, mas ainda com resultados em publicação, assume-se que “as abordagens musicológicas à música erudita ocidental têm privilegiado discursos antropocêntricos e pesquisas focadas na vida e produção de homens compositores, levando a uma visão distorcida e parcial da história e contextos da criação musical”. Alguns estudos, recentes, têm vindo a debruçar-se sobre esta visão distorcida tal como aconteceu com este projeto coordenado por Helena Marinho, professora do DeCA/UA, e aplicado à realidade portuguesa. Helena Marinho será uma das docentes do DeCA/UA, com Susana Sardo e Sara Carvalho, intervenientes na mesa redonda “Mulheres portuguesas na música – 3 percursos”, a 28 de novembro, às 15h, na Sala Estúdio do Teatro Aveirense, e integrada no programa dos FO 2021.

Do projeto “Euterpe revelada” resultaram edições críticas de partituras escritas por compositoras portuguesas, uma série de edições em CD e livros, teses de doutoramento e dissertações de mestrado, e ainda um congresso. Mais de 20 compositoras portuguesas do início do século XX foram retiradas da relativa obscuridade em que se encontravam.

Os ingressos para as várias atividades devem obter-se mediante reserva. O Concerto de Encerramento, interpretado pela Orquestra Filarmonia das Beiras, será o único, como é habitual nos FO, em que o ingresso não é gratuito.


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