A Associação Humanitária dos Bombeiros Voluntários de Alvaiázere, que comemorou este domingo (11) o 78.º aniversário, está a atravessar um momento “diferente para melhor”, mas os fortes investimentos em curso fazem prever que os próximos anos sejam “particularmente difíceis e exigentes”. Por isso, o vice-presidente da direcção, Joaquim Simões, apelou mais uma vez à solidariedade da autarquia e da comunidade alvaiazerense e alertou que é “forçoso repensar a gestão” destas instituições, sobretudo em territórios de baixa densidade como Alvaiázere, que ano após ano perde população.
“O ano 2018 e os próximos tempos vão ser particularmente difíceis e exigentes, dado o elevado montante dos investimentos em curso”, advertiu Joaquim Simões, que embora saiba que “a população alvaiazerense apoia sempre os nossos bombeiros”, também sabe que “anualmente o concelho perde pessoas e a faixa etária da terceira idade é bastante elevada”. Por isso, “torna-se forçoso repensar a gestão de modo a aperfeiçoar ganhos de eficiência e melhorar a sustentabilidade financeira”, defendeu.
A esta dificuldade juntam-se ainda os atrasos nos pagamentos por parte do Governo, que condicionam a gestão da Associação. “Mantém-se o desrespeito pelo Ministério da Saúde no que concerne à liquidação das suas obrigações, atrasando sistematicamente os pagamentos devidos”, denunciou Joaquim Simões, sublinhando que tais atrasos condicionam o “cumprimento das nossas obrigações assumidas para com os nossos fornecedores”, aos quais agradece “pela tolerância e compreensão”, pois de outra forma “tínhamos a vida mais difícil com reflexo na qualidade dos serviços”.
“A maioria das entidades que têm responsabilidades em matéria de protecção civil não estão a fazer o seu trabalho”, lamentou a presidente da autarquia, Célia Marques, acusando o Governo de “empurrar de forma inconsequente as responsabilidades para as câmaras municipais, não contribuindo com meios nem recursos”. Contrariamente ao Governo, “o Município de Alvaiázere tem tentado fazer o que está ao seu alcance” em matéria de protecção civil, frisou a autarca, revelando que “o ano 2017 foi aquele em que a Câmara Municipal apoiou mais fortemente a operacionalidade dos bombeiros, não só através da transferência de verbas, mas também através da transferência de recursos em espécie”. No ano transacto, “o município transferiu para os bombeiros mais 70 por cento dos recursos que transferia no ano 2013” e fê-lo “não para ficar bem na fotografia”, mas como “prova da nossa imensa gratidão”.
Além de ajudar a Associação Humanitária, a autarquia vai também premiar os bombeiros voluntários com “um conjunto de apoios municipais aos nossos bombeiros como prémio a quem veste a farda, mas também para incentivar mais pessoas a vestirem-na”. Esses apoios foram anunciados no ano passado pela edil e aprovados na última Assembleia Municipal, pelo que “para que os bombeiros possam começar a gozar destes apoios resta apenas a sua publicação em Diário da República, o que acontecerá dentro de poucos dias”, concluiu Célia Marques.
A cerimónia ficou ainda marcada pela bênção de um Veículo Tanque Táctico Florestal (VTTF), que representou um investimento de cerca de 173.000 euros, comparticipado em 80 por cento por fundos comunitários, ao qual foi atribuído o nome do ex-director já falecido Manuel da Silva Oliveira. “Hoje perpetuamos para sempre na história desta associação a memória de um homem bom e de coração tão grande como o tamanho da viatura que vamos perpetuar com o seu nome”, enfatizou o comandante Mário Bruno Gomes, destacando igualmente que “pela primeira vez, vimos hoje iniciar na carreira de bombeiros elementos que ingressaram na corporação como infantes e cadetes”.
CARINA GONÇALVES