A Câmara Municipal de Águeda acolheu, ontem, uma reunião da Rede de Parceiros Ecopistas de Portugal, onde foi demonstrado o exemplo da Ecopista do Vouga e suas potencialidades, dos pontos de vista turístico e lúdico-desportivo, e onde foram discutidos os desafios para a implementação de uma rede de ecopistas no território nacional.
As ecopistas são percursos criados a partir de antigos canais ferroviários (desativados para esta função), que privilegiam o contacto com a Natureza, aliando o desporto, o lazer e a atividade física, e que promovem o território.
Ocupando uma parte desativada da Linha do Vouga, entre os lugares de Foz, no limite do concelho de Albergaria-a-Velha com o de Sever do Vouga, e Sernada do Vouga, no Concelho de Águeda, a Ecopista do Vouga é um dos exemplos mais recentes no país de uma intervenção que promove a mobilidade suave. São 4,6 quilómetros de um percurso que liga à ecopista já construída em Sever do Vouga e que se liga tanto à rede de trilhos cicláveis e pedestres, como à própria Linha do Vouga, que resulta num “produto turístico integrado com um elevando potencial”.
Jorge Almeida, Presidente da Câmara de Águeda, defendeu a construção destes “corredores que contribuem para a criação de estilos de vida saudáveis”, salientando que no caso da Linha do Vouga, é possível aliar a utilização desta ecopista à fruição da “única linha de via estreita em funcionamento em Portugal”.
“O que é único e raro é que é valioso; são estes valores únicos que criam a nossa riqueza”, disse, acrescentando que ao fazer-se este percurso “único e de beleza ímpar”, que inicia em Sernada, “o coração da Linha do Vale do Vouga”, pode apreciar-se ainda todo um património ferroviário também único.
Sobre o Museu Ferroviário de Macinhata do Vouga, com “o melhor espólio ferroviário do mundo”, Jorge Almeida aproveitou a presença da Infraestruturas de Portugal (IP) Património neste encontro para apelar a consensos quanto a uma intervenção no espaço ferroviário das antigas instalações de Macinhata do Vouga, necessária para a ampliação do espaço expositivo do museu que o Município pretende realizar e para a qual está, neste momento, à procura de linhas de financiamento comunitárias.
O Presidente da Câmara de Águeda instou os parceiros presentes – Municípios, Comunidades intermunicipais e outros agentes – a ousarem, a sonharem, a não terem medo e defenderem “as coisas raras e a via estreita”.
Paulo Rodrigues, gestor do Plano Nacional de Ecopistas da IP Património, S.A., lembrou que Portugal tem cerca de 1.100 quilómetros de canais ferroviários desativados, sendo que “422 quilómetros estão a ser utilizados por 14 ecopistas” e estão contratados 755 quilómetros. “Este projeto tem tido um crescimento muito grande nos últimos quatro ou cinco anos, porque as questões da sustentabilidade e do recursos a meios mais saudáveis de vida tem feito com que as comunidades locais e autarquias olhem para estes territórios de outra forma”, disse.
João Portugal, da Turismo de Portugal (TP), salientou que “este projeto das ecopistas tem sido acarinhado (pela TP) há algum tempo, nas vertentes turística, de utilização pelas populações, de melhoria das condições psicológicas e da própria saúde, neste conjunto de valências que se cruzam”, sublinhando que nesta rede de parceiros estabelecem-se sinergias e promovem-se as boas práticas com o sentido de disponibilizar “uma melhor oferta” deste tipo de turismo de natureza.
Refira-se que neste encontro estiveram presentes representantes da IP Património, da CCDRC, do Turismo de Portugal, do Turismo do Centro, da Associação Nacional de Municípios Portugueses, da CIRA, da CIM Alentejo Central, da CIM Coimbra, bem como de vários Municípios do país (Albergaria-a-Velha, Cabeceiras de Basto, Fafe, Maia, Monção, Serpa, Sever do Vouga, Vila Pouca de Aguiar e Viseu) e um operador turístico relacionado com as atividades lúdico-desportivas, que apontou as potencialidades deste produto na cativação de turistas e amantes do desporto ao ar livre.
A par da partilha de conhecimentos e boas práticas, a reunião de ontem incluiu uma visita ao Museu Ferroviário, em Macinhata do Vouga, e uma visita técnica à Ecopista do Vouga, no troço Águeda/Albergaria-a-Velha.