A Secção Regional do Centro da Ordem dos Médicos (SRCOM) lamenta a ineficácia do actual concurso para os médicos de família que terminaram a especialidade, uma vez que não dará resposta aos problemas identificados e reportados no devido tempo ao Ministério da Saúde.
Segundo Carlos Cortes, presidente da SRCOM, “existem vários ficheiros a descoberto em que o Ministério não está a abrir vagas para evitar que os utentes fiquem sem médicos de família”.
Há 200 mil utentes em risco de ficar sem médicos de família nos próximos anos – a somar aos já 160 mil nessa situação – “caso não haja uma intervenção eficaz do Ministério devido à aposentação dos médicos”. Esta realidade vai acabar por ter impacto sobre as urgências hospitalares “já que estes utentes sem médicos de família irão recorrer aos hospitais”, reforça Carlos Cortes. Apontando a realidade de Aveiro, revela “no Agrupamento de Centros de Saúde Baixo Vouga já há, neste momento, 34,687 utentes sem médico de família. A título de exemplo, só na cidade de Aveiro estão previstas 11 aposentações em 2022/2023 e este concurso abriu apenas 5 vagas. E esta situação repete-se por toda a região Centro e pelo país”.
Actualmente, estão 432 vagas a concurso para Medicina Geral e Familiar (211 para Lisboa e Vale do Tejo, 107 para o norte, 60 para a região Centro, 31 para o Alentejo e 23 para o Algarve). Porém, denuncia Carlos Cortes, “esta não é a solução para fixar médicos de família no SNS, pois não estão a ser contempladas as respostas às necessidades”. Segundo o presidente, “não há nenhuma lógica no mapa de vagas para colocação de médicos de família, não há planeamento”, o que “traduz um profundo desconhecimento da realidade e das necessidades do país”.
Nas palavras do dirigente do SRCOM, o Ministério da Saúde é, actualmente, o maior obstáculo à fixação dos médicos no SNS. Mostra-se esgotado e incapaz de tomar as decisões certas. A necessidade pede para que sejam abertas vagas em todos os locais carenciados e criadas condições de trabalho adequadas para os médicos poderem tratar adequadamente os seus utentes. De momento, a região Centro apresenta uma carência de 90 médicos de famílias mas, a curto prazo, o número poderá subir para os 300.
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