No momento em que a proposta de Orçamento do Estado para 2026 chega ao Parlamento, a Ordem dos Psicólogos Portugueses (OPP) aproveita o Dia Mundial da Saúde Mental, que se assinala hoje (10) para lançar um apelo contundente: é chegada a hora de garantir investimento real, consistente e de longo prazo para a promoção da saúde mental entre os portugueses.
Para a bastonária Sofia Ramalho, agir preventivamente é não apenas um imperativo de justiça social, mas também uma estratégia económica inteligente. “Agir antes da doença poupa em euros ao Estado, mas, sobretudo, poupa em sofrimento e em vidas”, sublinha, lembrando que Portugal figura entre os países europeus com prevalência elevada de perturbações emocionais e psicológicas, muitas vezes sem resposta adequada.
A Ordem recorda que intervenção tardia custa muito mais, do ponto de vista humano e institucional, do que apostar em políticas robustas de promoção, prevenção e acessibilidade aos cuidados psicológicos. E insiste: não basta que a saúde mental figure em discursos, é preciso que se traduza em acções sistemáticas, vinculadas orçamentalmente e integradas em diversos sectores da vida nacional.
No documento divulgado, a OPP reitera várias exigências centrais: o reforço substancial de psicólogos no SNS (em especial nos cuidados primários), a definição de metas progressivas de cobertura profissional, a presença psíquica nas escolas e no sistema educativo, bem como mecanismos de apoio em ambientes laborais, residenciais e judiciais. Defende-se ainda a criação de um observatório nacional de saúde mental que sistematize dados e inspire políticas contínuas.
Este anúncio surge num momento político delicado, em que as prioridades orçamentais são disputadas. A bastonária apela ao Governo: que 2026 não seja apenas mais um ano de intenções, mas sim de compromissos concretos que coloquem a saúde mental no centro da agenda nacional.
A OPP, constituída em 2008 e com mais de 28.000 psicólogos registados, apresenta-se como interlocutora activa junto dos decisores. Agora, espera que as politicas reflictam uma visão mais humanitária e estratégica, onde o investimento em saúde mental não seja um custo, mas uma aposta no futuro colectivo.
Fonte: Campeão das Províncias