Depois de buscas ontem realizadas na Câmara Municipal de Pedrogão Grande, a Polícia Judiciária (PJ) confirmou hoje que deteve “um homem, chefe de divisão de uma autarquia, pelos crimes de peculato e de falsificação de documentos, que vem praticando, pelo menos, desde o início do ano de 2017, com a colaboração de duas funcionárias da mesma edilidade, já identificadas, tendo uma delas sido constituída como arguida”.
De acordo com a PJ, o suspeito, com o objectivo de se apropriar de quantias em numerário, elaborava ordens de pagamento, falsas ou falsificadas, aparentemente em benefício de terceiros, no todo ou em parte, e recolhia as assinaturas de verificação e de autorização desses pagamentos, de que depois beneficiava pessoalmente, usando, para o efeito, o fundo de maneio da autarquia, que mantinha acima dos valores legais. Através ainda da elaboração de ordens de pagamento falsas, liquidava diversas despesas particulares, recebendo em seguida o respectivo valor, fazendo constar que o pagamento de tais despesas era da responsabilidade da autarquia.
Com estas condutas a autarquia terá sido lesada em quantias ainda não totalmente apuradas, mas que seguramente ascendem a valor consideravelmente elevado, refere uma nota da Judiciária, adiantando que o detido, de 57 anos de idade, irá ser presente a tribunal para primeiro interrogatório e aplicação das medidas de coacção.
Ontem, o presidente da Câmara de Pedrogão Grande disse à agência Lusa que três trabalhadores do município haviam sido suspensos no âmbito de uma investigação ao desvio de pelo menos 30.000 euros da autarquia.
Os funcionários suspensos pertencem ao serviço de contabilidade e sobre eles recaem indícios de “apropriação indevida de dinheiro” deste município, afirmou Valdemar Alves, indicando que elementos da Polícia Judiciária estiveram esta terça-feira na sede da autarquia.
A queixa ao Ministério Público foi apresentada pelo revisor oficial de contas da Câmara Municipal e pelo próprio presidente do executivo, já depois das autárquicas de 1 de Outubro, em que Valdemar Alves foi eleito para um segundo mandato, desta vez em listas do PS, após ter exercido funções durante quatro anos pelo PSD.
“Ainda não sabemos ao certo o valor” do desvio, mas será “acima de 20 a 30.000 euros”, adiantou o autarca.
Valdemar Alves, antigo inspector da PJ, disse que uma auditoria em curso deverá permitir conhecer com mais rigor o montante e outros detalhes relativamente ao dinheiro em falta nos cofres da autarquia.