Águeda, Aveiro, 15 de Outubro de 2024

Pradarias marinhas da Ria de Aveiro com tendência de recuperação

25 de Outubro 2019

As pradarias marinhas da Ria de Aveiro apresentam uma tendência de recuperação no período 2005-2014, o que é positivo para a saúde do ecossistema, segundo um estudo assinado por investigadores da Universidade de Aveiro (UA) e do Centro de Estudos do Ambiente e do Mar (CESAM), publicado na Scientific Reports. Os investigadores referem que a recuperação poderá estar relacionada com o reequilíbrio do ecossistema após as dragagens entre 1996 e 1998, mas alertam para o efeito de uma nova fase de dragagens.

O estudo intitulado “Blue Carbon stock in Zostera noltei meadows at Ria de Aveiro coastal lagoon (Portugal) over a decade”, publicado a em outubro, avalia a distribuição espacial e estima o stock de Carbono Azul (“Blue Carbon”) armazenado nas zonas húmidas da região de Aveiro, mais concretamente pradarias marinhas da planta aquática Zostera noltei, constituinte do moliço. O termo Carbono Azul designa o carbono armazenado no oceano e em ecossistemas costeiros como pradarias marinhas, sapais e mangais, ou seja, em plantas e sedimentos destes biótopos. A importância do Carbono Azul deve-se, entre outros aspetos, explica Ana Sousa, investigadora do CESAM e primeira autora do artigo, à sua contribuição para a redução dos gases com efeito de estufa da atmosfera, como o dióxido de carbono, mitigando os seus efeitos negativos.

Foi usado um método de deteção remota, utilizando um drone para realização de fotografia aérea e mapeamento de pradarias marinhas em 2014, fotografia aérea realizada em 2003-2005, e foram realizadas amostragens no terreno de modo a estimar o stock Carbono Azul. O estudo cobre assim os períodos de 2003 a 2005 e de 2013 a 2014.

O estudo agora publicado foi o primeiro, salienta a investigadora do CESAM, em que se fez um mapeamento extensivo e uma avaliação do Carbono Azul das pradarias marinhas nesta área classificada como Biótopo Corine, Zona de Proteção Especial e Rede Natura 2000 ao abrigo da Diretiva Aves e da Diretiva Habitats.

Os resultados obtidos mostram uma tendência de recuperação das pradarias marinhas nos últimos anos, contrariando a tendência global de declínio, mas em concordância com as tendências identificadas por outros estudos regionais realizados noutros sistemas Europeus. Estes resultados estabelecem também uma base de referência para a intervenção humana na Ria de Aveiro.

O artigo foi assinado por quatro investigadores da UA, Ana I. Sousa, José Figueiredo da Silva, Ana Azevedo e Ana I. Lillebø. Ana I. Sousa e Ana I. Lillebø são, respetivamente, investigadora auxiliar e principal do Departamento de Biologia e do CESAM, José Figueiredo da Silva é professor auxiliar do Departamento de Ambiente e Ordenamento e Ana Azevedo é investigadora colaboradora do Departamento de Física e do CESAM.


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