O Presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa, fala ao país hoje, às 20h00, na sequência da aprovação pelo Parlamento do diploma que renova o Estado de Emergência até 16 de Março.
O diploma que será debatido e votado hoje à tarde na Assembleia da República tem aprovação assegurada, com o apoio de PS, PSD, CDS-PP e PAN.
No texto introdutório do projecto, o Presidente da República defende que “o futuro desconfinamento deve ser planeado por fases, com base nas recomendações dos peritos e em dados objectivos, como a matriz de risco, com mais testes e mais rastreio, para ser bem-sucedido”.
Marcelo Rebelo de Sousa considera que se impõe manter o Estado de Emergência para “permitir ao Governo continuar a tomar as medidas mais adequadas para combater esta fase da pandemia” de covid-19, mas pede ao Executivo que “aprove igualmente as indispensáveis medidas de apoio” às famílias e empresas, incluindo moratórias e apoios a fundo perdido.
Este foi o 12.º diploma do Estado de Emergência que o Chefe de Estado submeteu para autorização do Parlamento no actual contexto de pandemia de covid-19.
Marcelo Rebelo de Sousa falou ao país a partir do Palácio de Belém sempre que decretou este quadro legal – excepto no período em que foi candidato às eleições presidenciais de 24 de Janeiro, nas quais foi reeleito.
No projecto de decreto, com conteúdo idêntico ao actualmente em vigor, especifica-se agora que a eventual definição de limites ao ruído compete ao Governo através de decreto-lei.
No capítulo das restrições ao ensino presencial, reitera-se que “deverá ser definido um plano faseado de reabertura com base em critérios objectivos e respeitando os desígnios de saúde pública”.
O período de Estado de Emergência actualmente em vigor termina às 23h59 da próxima segunda-feira, 01 de Março. Esta renovação terá efeitos no período entre 02 e 16 de Março.
Nos termos da Constituição, cabe ao Presidente da República decretar o Estado de Emergência, por um período máximo de quinze dias, sem prejuízo de eventuais renovações, mas para isso tem de ouvir o Governo e de ter autorização do Parlamento.
As três anteriores renovações do Estado de Emergência foram autorizadas pela Assembleia da República com votos a favor de PS, PSD, CDS-PP e PAN e da deputada não inscrita Cristina Rodrigues, a abstenção do BE e votos contra de PCP, PEV, Chega, Iniciativa Liberal e a deputada não inscrita Joacine Katar Moreira.
Na última renovação, em 11 de Fevereiro, o primeiro-ministro, António Costa, defendeu que será preciso manter o actual confinamento geral “ainda durante o mês de Março” e que não era o momento “para começar a discutir desconfinamentos totais ou parciais”.
Quando falou ao país, nessa noite, o chefe de Estado considerou que o Estado de Emergência e o confinamento geral devem prosseguir “Março fora”, sem “sinais errados para a Páscoa”, no início de Abril, para se evitar um retrocesso na contenção da covid-19 em Portugal.
Até à Páscoa, apontou como metas reduzir o número de novos casos diários de infecção “para menos de dois mil” e fazer baixar os casos de internamento e internamentos em cuidados intensivos, então situados, respectivamente, em “mais de cinco mil e mais de oitocentos”, para “um quarto desses valores”.
Ao abrigo do Estado de Emergência, que permite a suspensão do exercício de alguns direitos, liberdades e garantias, o Governo impôs um dever geral de recolhimento domiciliário e o encerramento de um conjunto de actividades, desde 15 de Janeiro.
A partir de 22 de Janeiro, os estabelecimentos de ensino foram encerrados, primeiro com uma interrupção lectiva por duas semanas, e depois com aulas em regime à distância.
Em Portugal, já morreram mais de 16 mil doentes com covid-19 e foram contabilizados até agora mais de 800 mil casos de infecção com o novo coronavírus que provoca esta doença, de acordo com a Direcção-Geral da Saúde (DGS).