O presidente da Turismo do Centro lamentou, hoje, que “a capacidade lenta de decisão” na atribuição de apoios tenha atrasado a recuperação de empreendimentos turísticos atingidos pela passagem da tempestade Leslie, em Outubro de 2018.
“Quer o destino, quer a operação turística ainda não estão totalmente restabelecidos da passagem do Leslie e dos incêndios de 2017, apesar das linhas e instrumentos de crédito financeiro disponibilizados”, reconheceu à agência Lusa Pedro Machado, líder da entidade regional Turismo Centro de Portugal.
Pedro Machado diz que “há inúmeros casos [de empreendimentos turísticos] que estão aquém da normalização ao fim de dois anos” [pós-incêndios], ou de um ano, no caso do Leslie.
“Ainda estamos a reparar consequências causadas pelo Leslie”, refere o líder da Turismo do Centro, adiantando que “a capacidade lenta na decisão em efectivar os apoios contribuiu para a respectiva dificuldade das empresas em restabelecer a normalidade”.
O presidente da Turismo do Centro não contesta o volume financeiro dos apoios, centrando as suas críticas na lentidão do processo, e revela que a tempestade tropical causou danos directos em 98 empresas turísticas e afectou “com danos menos relevantes” mais algumas dezenas.
Os empreendimentos turísticos tiveram à sua disposição para a reabilitação uma linha de crédito da Sociedade Portuguesa de Garantia Mútua – empréstimo com juros com spread limitado (limite máximo entre 1,65 por cento (PME Líder – Escalão A) e três por cento (Não PME Líder). Tiveram ainda a possibilidade de recorrer à Linha de Apoio à Tesouraria (adaptada para os incêndios de 2017).
A passagem do furacão Leslie por Portugal, onde chegou como tempestade tropical em 13 de Outubro de 2018, atingiu mais de uma centena de empreendimentos turísticos em 31 concelhos, tendo sido assinalados estragos em hotéis, unidades de turismo rural, parques de campismo, restaurantes, parques de diversões, escolas de surf e atrações naturais, como a Serra da Boa Viagem.
A orla costeira entre a Leiria e Aveiro foi a zona mais afectada, sobretudo na Marinha Grande, Figueira da Foz, Montemor-o-Velho, Cantanhede, Mira, Vagos e Ílhavo, mas a destruição atingiu também zonas do interior, como Soure, Penacova, Anadia, São Pedro do Sul ou Figueiró dos Vinhos.
A unidade mais atingida foi o Parque de Campismo do Cabedelo, na Figueira da Foz, onde as primeiras estimativas apontavam para mais de um milhão de euros de prejuízos. No concelho vizinho, Montemor-o-Velho, houve também que registar meio milhão de prejuízos no parque de diversões Europaradise. Danos avultados foram também assinalados em hotéis da Figueira da Foz e Curia e em unidades rurais de Penacova e São Pedro do Sul, por exemplo.
A passagem da tempestade tropical Leslie nas zonas mais afectadas de Portugal causou ventos de 180 a 190 quilómetros/hora, superiores aos registados nas estações meteorológicas oficiais, segundo estimativa do Instituto Português do Mar e da Atmosfera (IPMA).
Na Figueira da Foz, a rajada de 176 km/hora foi a mais elevada registada nas estações meteorológicas do IPMA, em Portugal.
Pedro Machado lembra que, em pouco mais de um ano, o Centro do país foi afectado por três catástrofes naturais que deixaram um rasto de destruição e morte. “A única coisa positiva da passagem da tempestade é a de não haver vítimas mortais”, reconhece.
O líder da entidade regional lembra que, apesar das catástrofes naturais (dois incêndios e uma tempestade tropical), a região Centro continua a crescer em termos turísticos acima da média nacional, segundo dados regulares do Instituto Nacional de Estatística.
Para isso, terão contribuído as campanhas de promoção do destino, dentro e fora do país, que ganharam alguns dos mais prestigiados galardões internacionais do sector.
Jornal Campeão das Províncias