O ministro do Planeamento e das Infraestruturas, Pedro Marques, disse hoje que a opção por autocarros eléctricos no Ramal da Lousã privilegia a descarbonização e “serve melhor” as populações do que o transporte ferroviário.
Pedro Marques salientou, em Miranda do Corvo, que a nova versão do Sistema de Mobilidade do Mondego (SMM) – em que o projecto inicial do metro sobre carris é substituído pelo denominado “metro bus” – é “um sistema que serve muito mais a mobilidade”, além de “servir melhor as populações”.
O ministro intervinha nos Paços do Concelho daquela vila do distrito de Coimbra, numa cerimónia presidida pelo primeiro-ministro, António Costa, em que o Governo procedeu ao lançamento do concurso público da empreitada do primeiro troço do SMM, entre Alto de São João e Serpins, nos municípios de Coimbra e Lousã, respectivamente.
“Conseguimos!”, começou por afirmar, realçando que esta empreitada do SMM avança em resultado de “um processo extremamente difícil e complexo”, mas que já “não volta atrás”.
Coordenado pela Infraestruturas de Portugal, responsável pelas obras e cujo presidente, António Laranjo, também interveio na sessão, o trabalho de preparação do novo projecto de mobilidade para o centenário Ramal da Lousã e a cidade de Coimbra envolveu “vontades e capacidades técnicas de muita gente” e diferentes entidades públicas e privadas, designadamente o Laboratório Nacional de Engenharia Civil (LNEC) e a Comissão de Coordenação e Desenvolvimento Regional do Centro (CCDRC), entre outras.
“Estamos a rasgar caminho novo de enorme complexidade técnica”, disse, para frisar que o Governo, as autarquias e demais intervenientes no processo fizeram esforços para que a solução fosse “compreendida pela população”.
Pedro Marques reconheceu que “de alguma maneira” as populações de Lousã, Miranda do Corvo e Coimbra “não compreenderam” o encerramento do Ramal da Lousã, num primeiro momento, em Janeiro de 2010, e agora a própria opção pelo “metro bus”.
No entanto, na sua opinião, “não havia maneira de fazer um investimento dessa natureza”, num sistema de metro ligeiro ou mesmo ferrovia convencional, com comboios a ligar o interior do distrito à cidade de Coimbra e à Linha do Norte, como aconteceu durante mais de 100 anos.
“Não era economicamente viável”, reiterou Pedro Marques, depois de o presidente da Câmara de Miranda do Corvo, o socialista Miguel Baptista, ter afirmado que os utentes do Ramal da Lousã e as populações em geral reclamavam há nove anos a retoma da ligação ferroviária à capital do distrito.
Ainda assim, para o governante, a opção pelos autocarros eléctricos é “uma solução à altura daquilo que as populações mereciam”.
“Esta é uma mobilidade limpa, uma mobilidade do futuro”, acentuou Pedro Marques, durante a apresentação do SMS e do primeiro troço das obras, que custará 25 milhões de euros.
Por sua vez, Miguel Baptista recordou que os últimos anos, desde o encerramento do Ramal da Lousã, para obras iniciadas em 2010 e nunca concluídas, foram “um período muito difícil”.
O autarca do PS disse que “a solução ferroviária era ambicionada pela maioria da população”, que tem lutado pela reposição da circulação de comboios, com investimentos na modernização e electrificação do Ramal da Lousã, que funcionava desde 1906.
Durante mais de um século, a região foi servida pela ferrovia, desmantelada e encerrado pelo último Governo de José Sócrates, para obras que visavam a instalação do metro e que foram suspensas algum tempo depois devido a problemas financeiros.
Desde que o Ramal da Lousã foi encerrado, os utentes do antigo comboio passaram a ser transportados em autocarros de empresas privadas, ao abrigo de sucessivos concursos públicos, que já custaram à CP cerca de 10 milhões de euros.
LUSA